Aliar produção agrícola com tecnologias sustentáveis e, ao mesmo tempo, garantir um futuro seguro e rentável para os produtores de cana-de-açúcar. Essa será umas das temáticas da programação do Cana Summit, evento promovido pela ORPLANA (Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil), que será realizado nos dias 10 e 11 de abril, em Brasília/DF.
O assunto será fomentado no painel ‘Caminhos para o Produtor do Futuro’, previsto para o segundo dia do evento, às 15 horas. Na ocasião, o professor Marcos Fava Neves; o diretor geral do IAC (Instituto Agronômico), Marcos Landell; o presidente da ABAG (Associação Brasileira do Agronegócio), Caio Carvalho; e a presidente da Embrapa, Silvia Massruhá, debaterão o tema com mediação do diretor técnico da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), Bruno Lucchi.
A proposta é apresentar caminhos possíveis em direção ao futuro da expansão da cultura da cana-de-açúcar e, consequentemente, apontar soluções para os entraves dos produtores.
“O mundo está mudando, há muitas tendências que precisam ser seguidas e a sustentabilidade é uma delas, pois garante muitas melhorias. Há ainda a frente da tecnologia, inovação e manejo e também a gestão e governança que precisam ser trabalhadas”, revela o CEO da ORPLANA, José Guilherme Nogueira.
Nesse sentido, associações integrantes da ORPLANA têm intensificado as ações para implantar programas de certificações juntos aos produtores. A Socicana (Associação dos Fornecedores de Cana de Guariba), por exemplo, criou um programa interno de sustentabilidade e tem oferecido benefícios como forma de atrair os associados.
Segundo o superintendente da Socicana, Rafael Bordonal Kalaki, a certificação de sustentabilidade de uma propriedade é imprescindível. Porém, um dos grandes desafios é conseguir a adesão dos produtores e a permanência nos programas. Ele reconhece que a procura cresceu e que há um interesse pelo tema, seja motivado por pressões externas ou ainda pelos incentivos ofertados.
“Criamos uma linha de crédito focada para os produtores com práticas sustentáveis, com juros menores que as linhas tradicionais, pois um produtor com certificação traz menos riscos. Os resultados têm sido bons, porém precisamos trazer mais produtores, incentivar a participação”, aponta Kalaki.
Agregar valor à cadeia
Gestor corporativo da Canaoeste (Associação dos Plantadores de Cana do Oeste do Estado de São Paulo), Almir Torcato, endossa a importância da certificação para o futuro próspero do setor e como forma de agregar valor à cadeia de produção da propriedade. A Canaoeste, inclusive, montou uma estrutura exclusiva para atuar junto aos produtores no esclarecimento de dúvida e conquista da certificação.
“Confio que a Bonsucro é o nosso presente e futuro. Estamos trabalhando no sentido de trazer mais produtores rurais para compor o quadro de associados que fazem parte desse grandioso processo de certificação”, destaca Torcato, em referência a utilização do programa internacional de compromisso com a sustentabilidade ambiental e social da cana-de-açúcar.
“Decidimos buscar no mercado uma certificação que atendesse aos produtores rurais e agregasse valor à cadeia de produção da propriedade rural e já estamos conseguindo ver as mudanças de hábitos, culturas e gestão dos associados”, completa.
Reconhecimento
Na Assobari (Associação dos Fornecedores de Cana da Região de Bariri), o trabalho de certificação desenvolvido com os associados já tem dado resultado e é reconhecido pelos produtores.
Para a produtora Lucille Felipe Papotti, a certificação traz benefícios não só visando a propriedade. “Ela é importante para o mundo e a gente precisa desse olhar. A produção aumentou, mas também agora temos tranquilidade, pois os nossos colaboradores estão respaldados. Posso afirmar que a certificação não vem atrapalhar e, sim, somar”, enfatiza.
Tecnologia e Governança
Além da sustentabilidade, o painel também abordará a necessidade de inovação e implementação de novas tecnologias na produção de cana, bem como discutirá como os produtores estão lidando com gestão e governança e tratando de temas como a sucessão familiar.
“São três frentes que serão fundamentais para o produtor do futuro. Inovação, trazendo equipamentos, novas máquinas, novas formas de observar e mensurar. A governança como papel de gestão, de estrutura, de papéis e responsabilidades, de enxergar essas propriedades como empresas bem difundidas; e a sustentabilidade em todo seu aspecto, não só no ambiental, mas também na sustentabilidade econômica”, conclui o CEO da ORPLANA.