Com aceitação crescente entre os agricultores brasileiros desde 2009, o inoculante com Azospirillum brasilense vem ganhando destaque nas culturas de grãos. O uso de microrganismos promotores do crescimento de plantas – capazes de substituir, parcial ou totalmente, os fertilizantes químicos – representa uma estratégia-chave para o Brasil, que importa a maior parte dos fertilizantes usados na agricultura.
Recentemente, a Embrapa Soja (PR) comunicou um importante resultado de pesquisas realizadas nos últimos dez anos nas lavouras de milho e validou a substituição de 25% do fertilizante nitrogenado pelo inoculante com Azospirillum brasilense. Este inoculante, lançado no mercado brasileiro em 2009 e amplamente difundido pela ANPII (Associação Nacional dos Produtores e Importadores de inoculantes), se torna ainda mais essencial para o agronegócio com esta importante recomendação, pois reduz o caro fertilizante nitrogenado, trazendo menor custo de produção para o agricultor. O bioinsumo também colabora com a redução de emissões de gases de efeito estufa e com as estratégias de agricultura de baixo carbono.
“Esta validação, mais uma vez, é fruto da estreita a cooperação entre a pesquisa pública e as empresas privadas. O primeiro inoculante comercializado no país foi produzido com estirpes selecionadas pela Embrapa, mas a tecnologia de produção em larga escala foi totalmente desenvolvida nas empresas associadas à ANPII”, analisa Guilherme de Figueiredo, presidente da ANPII.
Atualmente, as associadas produzem o inoculante de Azospirillum, com as estirpes selecionadas e com a qualidade exigida pelos agricultores. O parque industrial de produção de inoculantes do Brasil é um dos mais modernos do mundo, podendo atender em quantidade e qualidade a demanda por inoculantes do mais diversos tipos.
“Com toda a certeza, com a validação da redução de fertilizante nitrogenado no milho, o uso de inoculante nesta cultura terá significativos aumentos por parte dos agricultores brasileiros que usam as mais modernas tecnologias. O uso de inoculantes com essas bactérias já supera dez milhões de doses anualmente e deve ampliar consideravelmente nas próximas safras.”, explica Solon Araujo, diretor executivo da ANPII.
Os benefícios econômicos e ambientais dessa tecnologia foram apresentados pelos pesquisadores Marco Antonio Nogueira e Mariangela Hungria, da Embrapa Soja, durante evento on-line realizado em novembro. De acordo com os pesquisadores, a tecnologia de inoculação do milho com a bactéria Azospirillum brasilense reduz a adubação nitrogenada de cobertura e ainda permite um incremento médio de 3,1% na produtividade de grãos.
Para os pesquisadores, esses resultados são reflexo de dois processos microbianos complementares, coordenados pelas bactérias promotoras de crescimento de plantas (BPCP). Um deles é a fixação biológica de nitrogênio que é capaz de atender de 5% a 20% das necessidades da planta. O outro processo favorece o crescimento radicular do milho, via síntese de fitormônios, principalmente ácido indolacético, o que permite melhorar a exploração do solo por água e nutrientes.