Linhas de crédito devem diminuir juros só em 2023

Segundo Sindicato Rural alta na Selic terá impacto na produção agropecuária

A expectativa do assessor de agronegócio da cooperativa de crédito Sicredi União, Pedro Eich, é de que devido a taxa Selic, as linhas de crédito sigam em patamares de juros elevados no próximo ano. Já representantes de produtores rurais, acreditam que caso confirmada a Selic superior a 9% ainda este ano, a busca por crédito em entidades financeiras, pode esfriar em 2022 ou dificultar as contas das fazendas, que terão suas margens ainda mais achatadas.

Durante evento no Sindicato Rural de Campo Grande, Eich sinalizou a produtores rurais sobre as expectativas altistas. “Esperamos que o governo faça algum remanejamento em suas contas e libere mais dotação orçamentaria, para linhas mais atrativas, aí voltamos a operar com recursos do BNDS, fora daquelas taxas de 12%”, explica. Segundo ele, a expectativa do Banco Central para 2023 é fechar em 8%, o que significaria um patamar um pouco mais saudável ao bolso do produtor.

“Hoje praticamente dobrou a taxa de juros fixa para o produtor rural, ele tem uma taxa equalizada a 7,5% e quando a gente foge dessa taxa, uma vez que já se esgotou esse recurso, vamos para as linhas com taxas de mercado, que está em torno de 14% ou 15%.  O aumento é por conta da Selic, saímos de uma Selic de 2%, em junho de 2020, hoje estamos com taxa de 7,75%, com previsão de chegar a 9,25 ainda este ano e já com viés de alta para o ano que vem”, completa o assessor do Sicredi.

Para 2022 o cenário aponta para um Selic próximo de 12%, o que segundo Eich é puxado pela inflação, estimulada por problemas na cadeia de suprimentos; alta demanda local e global por bens; incerteza política e fiscal; crise hídrica; desincentivo à energia suja e crise mundial (pandemia).

O presidente do Sindicato Rural de Campo Grande, Alessandro Coelho, esclarece que essa previsão de aumento na Selic, reflete na produção agropecuária e sinaliza que o esgotamento de crédito se dá devido ao aumento dos custos. “Os créditos ficaram escassos, o Governo Federal fechou várias linhas de crédito agora no fim do ano e várias linhas tiveram recursos muito aquém do necessário disponível.  Os custos de produção triplicaram, alguns aumentaram mais de 100% outros 300%. Tudo isso contribuiu para deixar o recurso escasso. Com esses custos altos, o recurso não cobre a diferença do ônus do produtor”.

O produtor, segundo o presidente, está em busca de novas alternativas. “Estão em busca de novas linhas de crédito, que não eram acessadas na mesma frequência. Os créditos estão mais caros, temos linhas em que o produtor não é acostumado a tomar, mesmo com taxas bem atrativas, mas que causam inseguranças ao produtor, inclusive pela questão cambial. Vem ano político, a gente sabe como o país sofre com essas auguras políticas e toda essa insegurança gera desconforto. É hora do produtor sentar, fazer bastante conta, para se tornar mais eficiente, pois as margens estão completamente reduzidas e devem se manter assim”, finaliza Alessandro Coelho.

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