Solução será comercializada pela Ascenza e possui modo de ação diferente de outros produtos no mercado, sendo além de uma ferramenta ao manejo de insetos resistentes, uma saída para espécies de difícil controle também no milho
A multinacional portuguesa Ascenza traz para o seu portfólio no Brasil uma nova arma contra insetos resistentes e com elevada eficácia em espécies de difícil controle como a falsa-medideira (Chrysodeixis includens). Esta que é uma das mais importantes pragas no algodão no Brasil devido à alta tolerância aos inseticidas e as falhas de controle em lavouras. O inseticida Indoxacarb 15 SC Guarda, é fabricado pela empresa indiana Gharda, e é distribuído aqui pela Ascenza. Ele chega como solução para este cenário também no milho. A molécula presente na formulação apresenta-se como um pró-inseticida ou inseticida ainda inativo quando é pulverizada.
De acordo com o engenheiro agrônomo e doutor, Clérison Régis Perini, pesquisador de entomologia na Proteplan Pesquisas e Assessoria Agrícola, após a ingestão do produto por uma lagarta, enzimas metabólicas no aparelho digestivo realizam a transformação do indoxacarbe para metabólitos N-descarboxilado altamente ativos e que conferem um efeito potente como inseticida. “Os metabólitos resultantes atuam como bloqueadores dos canais de sódio no sistema nervoso dos insetos, o que resulta em paralisia e morte”, explica.
O Indoxacarb 15 SC Guarda também chama atenção pela sua apresentação, em Suspensão Concentrada, e que tem demonstrado grande diferencial quanto ao período residual no controle de lagartas. “A molécula do indoxacarbe apresenta elevada fotodegradação (1/2 vida = 4.5 dias em pH 5 e 25°C; FAO) e a formulação do produto se torna importantíssima para aumentar a efetividade do inseticida no tempo”, completa o pesquisador.
Melhor posicionamento
Para obter melhor resultado é importante que o produtor se atente ao posicionamento correto de cada produto, e deve ser amparado no monitoramento de pragas. Ou seja, quando a densidade populacional atingir o nível de controle, que é variável de acordo com a espécie de lagarta e o dano que ocasiona, deve ser realizada a aplicação de indoxacarbe. “Após, o monitoramento deve continuar e havendo a necessidade de reaplicação, esta deve ser feita”, aponta o entomologista.
Resultados de ouro
Os trabalhos publicados até o momento com o indoxacarbe fazem parte de pesquisas de mestrado e de doutorado do Laboratório de Manejo Integrado de Pragas (LabMIP) da Universidade Federal de Santa Maria. Os experimentos foram conduzidos no campo em infestação natural de H. armigera e C. includens durante três safras. Segundo o entomologista, o indoxacarbe apresentou eficiência satisfatória para ambas as espécies-praga, estando entre os três inseticidas mais eficazes para o controle das lagartas.
Na cultura do algodão, as lagartas podem danificar as folhas, botões florais, flores e maçãs. Dentre as que são desfolhadoras destaca-se a falsa-medideira, pelos seus danos e pela dificuldade de controle com inseticidas químicos. Para avaliar o efeito do novo produto, um estudo conduzido em Mato Grosso pela Proteplan, intitulado de “Eficiência do inseticida Indoxacarb 15 SC Gharda (indoxacarbe 150 g/L) no controle de falsa-medideira (Chrysodeixis includens) na cultura do algodão”, para o manejo dessa praga, o indoxacarbe auferiu controle acima de 90%, com duas aplicações em intervalo de sete dias.
Além disso, o Dr. Perini destaca que é fundamental seguir com o monitoramento de pragas na lavoura, devido às características reprodutivas dessas espécies que proporcionam elevadas populações no campo. “Dessa forma, o aumento em número dessas lagartas ocorre de forma rápida, necessitando intervenção com inseticidas a fim de evitar danos nas folhas e nas estruturas reprodutivas”, ressalta.
Sustentável para a tecnologia Bt
O novo produto que a Ascenza traz em parceria para o mercado é uma importante ferramenta no campo após a adoção da tecnologia Bt, que já está empregada nas sementes que boa parte dos produtores utiliza. A sustentabilidade do manejo de pragas nas culturas Bts pode se dar com a integração de diferentes métodos de controle, sejam estas plantas Bt, inseticidas químicos e biológicos ou feromônios. “Assim, a aplicação de indoxacarbe associado a outros métodos, irá manter os níveis de infestação baixos, além de reduzir as chances de surgimento de insetos resistentes, como é o caso de Spodoptera frugiperda que já apresenta populações com genes de resistência às toxinas de Bt”, explica Perini.
Vale destacar que o controle de C. includens por exemplo, na soja, é desafiador e as táticas devem ser combinadas em um Manejo Integrado de Pragas (MIP) e dentro de um Manejo de resistência de Insetos (MRI) com o uso de inseticidas com diferentes mecanismos de ação. Assim é possível manter a eficiência da tática de controle e retardar ou evitar o aumento da frequência de indivíduos de C. includens resistentes.