Da Redação
Em um ano marcado por desafios climáticos que impactaram lavouras de grãos, café e cana-de-açúcar, as exportações do setor do agronegócio brasileiro demonstraram resiliência em 2024. Segundo levantamento da DATAGRO com base em dados da Secex, o Brasil exportou US$ 165,13 bilhões em produtos do agronegócio, um recuo de apenas 1,2% em relação a 2023, mas ainda assim o segundo maior valor já registrado. O setor representou 49% das exportações totais do país no período.
Principais Destinos e Produtos Exportados
A China manteve sua posição como principal destino das exportações do agronegócio brasileiro, com compras de US$ 49,7 bilhões. No entanto, houve uma retração de 17,5% em relação ao ano anterior, refletindo uma queda de 2,6% na aquisição de soja brasileira, que somou US$ 31,5 bilhões. Apesar disso, a China ainda foi responsável por 73,4% do total de soja exportada pelo Brasil.
Os Estados Unidos foram o segundo maior mercado, com exportações de US$ 12,1 bilhões, um aumento expressivo de 23,1%. Produtos como café verde, celulose, carne bovina in natura e suco de laranja lideraram as vendas para o mercado norte-americano.
Destaques de Crescimento
Entre os principais produtos exportados, o algodão registrou o maior crescimento em termos de receita, alcançando US$ 5,41 bilhões, um aumento de 62,4% em relação a 2023. Esse desempenho foi impulsionado por uma safra 16% maior e por esforços de promoção internacional. O café também se destacou, com receita recorde de US$ 12,27 bilhões (+52,9%), superando desafios logísticos como a falta de contêineres. Outros segmentos que cresceram foram sucos (+30,9%), papel e celulose (+27,0%), açúcar (+18,1%) e carnes (+11,4%).
Impactos Climáticos e Quedas nas Exportações
Por outro lado, produtos como óleo de soja (-47,8%), milho (-40,2%) e soja em grãos (-12,5%) sofreram quedas significativas. No caso da soja, a quebra de produtividade na safra 2023/24 e a maior competitividade do produto argentino no mercado internacional contribuíram para a retração. As exportações de milho também foram impactadas pela menor produção e pela forte demanda interna para a produção de etanol.
Consumo de Etanol Bate Recordes
No mercado interno, o consumo de etanol (anidro e hidratado) em gasolina equivalente alcançou o recorde de 26,92 bilhões de litros, um aumento de 14% em relação ao ano anterior. Isso evitou um gasto de US$ 15,36 bilhões com importação de gasolina, contribuindo para um saldo comercial positivo do setor.
Perspectivas para 2025
As perspectivas para 2025 são promissoras, com a recuperação das safras de grãos e uma maior oferta de cana-de-açúcar, apoiadas pelas boas condições climáticas desde outubro de 2024. O cenário de possíveis tensões comerciais entre EUA e China pode ampliar as exportações brasileiras de soja e milho para o mercado chinês, embora a desaceleração da economia chinesa exija cautela.
Por outro lado, desafios como a seca nos cafezais e o envelhecimento dos pomares de laranja podem limitar o crescimento de alguns segmentos. No campo logístico, investimentos em portos como os de Santos e Santana, além da modernização do Porto de Chancay, no Peru, prometem melhorar a competitividade do agronegócio brasileiro no cenário internacional.
Conclusão
Mesmo em um ano de adversidades climáticas, o agronegócio brasileiro manteve sua relevância no comércio exterior, contribuindo para o superávit comercial do país. Com o cenário de maior demanda internacional e investimentos em infraestrutura, 2025 se apresenta como um ano de oportunidades para consolidar ainda mais a posição do Brasil como um dos principais exportadores globais de produtos agrícolas.