Por: Jônatas Pulquério
O agronegócio é um dos pilares da economia brasileira, sendo responsável por uma parcela significativa do Produto Interno Bruto e por grande parte das exportações do país. Só para dar uma ideia da importância econômica do setor agropecuário no Brasil, de acordo com dados da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), em 2023 a participação do agronegócio no PIB brasileiro foi estimada em torno de 26%.
Mas, apesar de toda essa relevância, o segmento enfrenta desafios cada vez mais complexos. E um deles está nas mudanças climáticas. Hoje, não são raros eventos climáticos extremos, como secas prolongadas seguidas de inundações e tempestades.
Que o diga, por exemplo, o Rio Grande do Sul, que após padecer de uma avassaladora seca, menos de um ano depois se afogava sob chuvas que, de acordo com as estimativas, deixaram as perdas financeiras de cerca de R$ 30 bilhões. E, o que é pior, de quase 200 vidas humanas.
O Centro-Oeste, por sua vez, também já não pode mais contar com regularidade climática de outrora. E, desse forma, a principal região produtora de grãos do país, a atual falta de previsibilidade das chuvas afetou significativamente o rendimento das safras.
Frente a tantas intempéries, o seguro rural do Brasil deve olhar para todo esse cenário e adotar práticas e recursos que se encaixem nessa nova realidade ambiental e climática. Então torna-se urgente a modernização das práticas de seguro rural no Brasil, aproveitando os avanços tecnológicos para oferecer maior segurança e eficiência no setor.
É importante para o mercado de seguro rural, portanto, a consolidação de uma plataforma unificada de informações. Assim como acontece com o mercado de crédito, onde é possível obter informações inteligentes para o desenvolvimento do setor.
Esse avanço significará segurança tanto para o mercado quanto para o segurado. O primeiro, se baseando todo na mesma plataforma, estaria mais fortalecido, calcado em informações sólidas e que lhes permitiriam dar o seu melhor naquilo o que têm de fazer, que é dar segurança ao segurado. E o segurado por sua vez, também teria a tranquilidade de estar sempre calçado por um serviço referendado e referenciado no que há de mais moderno e eficaz.
Tecnologias como o monitoramento por satélite, big data e inteligência artificial podem ser utilizadas para prever e mitigar perdas, oferecendo uma análise mais precisa e personalizada das condições climáticas e do solo, possibilitando uma cobertura de seguro mais alinhada às necessidades reais dos produtores.
Além da avaliação de riscos mais precisa, a modernização do seguro rural pode também proporcionar uma eficiência maior no processo de contratação e pagamento de indenizações. Ferramentas digitais podem facilitar o acesso dos produtores rurais aos seguros, permitindo a contratação de apólices de forma rápida e simplificada, mesmo em áreas remotas. Da mesma forma, a digitalização dos processos pode acelerar o pagamento de indenizações, reduzindo o tempo de espera para os produtores que enfrentam perdas, o que é crucial para a continuidade das suas operações.
Outro aspecto importante da modernização dos seguros rurais é a possibilidade de criar produtos de seguro mais diversificados e flexíveis, adaptados às diferentes realidades regionais e às culturas agrícolas específicas.
A modernização das práticas de seguro rural não só protege os produtores, como fortalece todo o agronegócio, tornando-o mais preparado para as adversidades climáticas e mais competitivo no mercado global.
Ao investir em novas tecnologias e na atualização dos modelos de seguro, o Brasil pode garantir que seus agricultores tenham a segurança necessária para continuar produzindo alimentos de maneira sustentável e eficiente, contribuindo para a segurança alimentar e o desenvolvimento econômico do país.
Jônatas Pulquério é Diretor de Gestão de Risco Agropecuário do Ministério da Agricultura e Pecuária