Um projeto piloto inovador de agricultura familiar, criado há seis meses pela Aperam BioEnergia, apresentou resultados animadores em duas comunidades do Vale do Jequitinhonha (MG). Duas associações comunitárias foram convidadas a plantar nas terras da empresa e 31 famílias dessas associações concluíram nas últimas semanas a primeira colheita de feijão, cultura escolhida pelas comunidades para essa primeira etapa da parceria.
Maior produtora de carvão vegetal do mundo, a BioEnergia é a unidade da Aperam South America dedicada à produção de energia renovável que abastece a usina siderúrgica de Timóteo (MG), onde é fabricado o Aço Verde Aperam.
“Estamos muito animados porque essa experiência funcionou muito bem, mostrou que o projeto é viável”, comemora o diretor de Operações da BioEnergia, Edimar de Melo Cardoso. Segundo ele, o primeiro plantio foi um balizador para o programa permanente de agricultura familiar que a empresa pretende criar. “O nosso objetivo é chegar às 30 comunidades que estão nas áreas de influência da empresa, levando a possibilidade de geração de renda e mais qualidade de vida às famílias da região”, afirmou o diretor.
As duas comunidades que participaram do projeto piloto ficam nos distritos de Ribeirão dos Santos Acima, no município de Minas Novas, e Vendinhas, município de Veredinha. Cada uma delas recebeu, em regime de comodato, uma área de cinco hectares dentro das plantações de eucalipto da Aperam BioEnergia, onde foi plantado feijão, consorciado ao eucalipto.
O preparo da terra, o suporte para a obtenção de licenciamento e a assessoria técnica para o plantio ficaram por conta da Aperam e da Emater, que forneceu as sementes. Os produtores entraram com a mão de obra para plantio, manejo e colheita.
"Ficamos muito felizes. Essa primeira plantação foi num período que a gente não faz normalmente, de pouca chuva. Mesmo assim, enchemos três caminhões de feijão com a rama. Agora está secando, ainda não sabemos o peso certo, mas acredito que é bem mais do que pensamos”, diz Maurílio Alvez da Silva, 44 anos, morador da comunidade e presidente da Associação Produza, que tem 20 famílias associadas.
Um dos destaques dessa primeira etapa do projeto foi a utilização do Biochar, produto certificado da Aperam BioEnergia, demonstrando o visível aumento de produção nas áreas em que foi aplicado. O Biochar é obtido através da carbonização de qualquer biomassa e quando aplicado ao solo, o material ajuda a reter água e a condicionar a terra, auxiliando na disponibilização de nutrientes, garantindo também a retenção do carbono por centenas de anos, evitando sua liberação para a atmosfera, conforme explicou o Gerente Executivo de Técnica Florestal e Carbonização, Benone Magalhães Braga.
O Gerente Executivo de Segurança Patrimonial, Luiz Carlos Magalhães, informa que está sendo consolidado o aprendizado dessa primeira etapa para que seja dado seguimento à institucionalização de um programa perene, expandindo as áreas de comodatos para agricultura familiar à todas as comunidades do entorno das áreas da Aperam BioEnergia para o plantio das várias culturas possíveis de consórcio junto aos eucaliptos.
Daniel Alexander Fernandes Coelho, especialista técnico da Aperam BioEnergia que compôs o grupo gestor desse projeto, explica que as associações já estão com grande expectativa para o próximo período chuvoso, quando estará tudo pronto para o plantio de de mandioca, milho e feijão, produtos que serão o carro-chefe da parceria e que são tradicionais na região do Vale do Jequitinhonha, além de outras culturas que poderão ser inseridas com o apoio técnico da Emater.
Trabalho em equipe
A produtora rural Augusta Souza já plantou mandioca, capim, cana, fez rapadura e produziu um pouquinho de leite. Assim ela criou seis filhos, hoje todos empregados na cidade. Tia Augusta, como é chamada, não imaginava que, aos 67 anos, se sentiria tão animada de novo em voltar a plantar junto com a comunidade de onde mora, em Ribeirão dos Santos Acima.
Ela e o marido fazem parte da associação liderada por Maurílio e um grupo de 14 famílias que acabam de colher feijão. “Fiquei muito animada, deu muita satisfação plantar junto, queremos fazer isso mais vezes, para a gente ter no futuro uma rendinha melhor. Agora a gente podia plantar mandioca, que está fazendo muita falta aqui”, disse ela.