Nesta segunda-feira (6), faleceu o ex-presidente da Associação dos Fornecedores de Cana de Pernambuco (AFCP), no comando da entidade por dois mandatos (1984/86, 1989/92), Severino Ademar de Andrade Lima, que também foi diretor da Federação dos Plantadores de Cana do Brasil (Feplana). A frente do órgão dos canavieiros, o gestor se destacou por um período de reformas e muitas mudanças para o setor. Foi na sua gestão que foi criado o Sistema de Pagamento de Cana pelo Teor de Sacarose – modelo usado até hoje, bem como a construção do Laboratório de Fungos para controle biológico da Cigarinha (praga da cana) – funcionando até os dias atuais.
O atual presidente da AFCP, Alexandre Andrade Lima, consternado com a morte do primo, destaca a grande relevância de Ademar quando esteve à frente da entidade e aconselhando as diretorias posteriores até o ano passado. Reformou o estatuto da AFCP no primeiro mandato. Ele ampliou de dois para três anos a gestão das diretorias e implantou o sistema de cédula única no processo de eleição da direção, além do plano de cargos e salários para os funcionários.
Em homenagem da AFCP que participou através do Informativo Gazeta PernambuCana, Ademar lembrou da grande ampliação que fez no quadro de funcionários para fiscalizar e para acompanhar as análises da cana nos laboratórios das usinas – iniciativa voltada à garantia do novo sistema de pagamento da cana-de-açúcar. “Foram contratados 70 técnicos de nível médio e três de nível superior”.
Com a criação do Laboratório de fungos, Ademar pontuou que o produtor pode trocar (e/ou associar) o controle de pragas com defensivos químicos por biológicos, contribuindo para a preservação do meio ambiente. À época, lembrou que um avião cedido pelo Instituto do Açúcar e Álcool (IAA) fazia a pulverização dos canaviais dos produtores gratuitamente.
O segundo mandato de Ademar também foi de grandes transformações. Dessa vez, uma grave crise assolou o setor em função de equívocos do governo do presidente Collor de Melo. A principal dificuldade decorre do Plano Collor, que bloqueou todas as contas bancárias dos brasileiros, inclusive da AFCP, limitando as ações da entidade. Foi também neste período que o IAA foi extinto, prejudicando o setor. Com o fim do único órgão responsável pela regulamentação e fiscalização dos industriais do setor sucroalcooleiro, todos canavieiros sofreram e sofrem até hoje.
Ainda assim, o então presidente continuou firme. Celebrou um convênio para ampliação de novas variedades de cana mais resistentes com a Planaçúcar – atual Estação Experimental de Cana do Carpina, órgão vinculado à Universidade Federal Rural do Estado. Foram entregues duas mil toneladas aos associados da AFCP.