“Tão necessário, pelo que tem de fecundante e renovador, esse rio Taquari, desbocado e mal comportado, é temido também pelos seus ribeirinhos. Pois, se livra das pragas os nossos campos, também leva parte de nossos rebanhos. Este é um rio cujos estragos compõem”, as palavras do poeta Manoel de Barros retratam o que será mostrado no filme “Um Rio Desbocado” lançado através de uma parceria entre o Instituto Taquari Vivo, Acaia Pantanal e a Documenta Pantanal, nesta quarta feira (31), no Youtube.
O filme conta a história recente do Rio Taquari, escutando ribeirinhos, produtores, técnicos e cientistas. Retrata as profundas transformações pelas quais passou o rio desde a década de 1970, quando a ocupação de suas cabeceiras intensificou os processos erosivos, enchendo de areia o seu leito e o de seus afluentes. Descreve como o rio assoreado forçou suas margens e se espraiou pelos campos no “arrombado do Caronal”.
“É o terceiro documentário sobre o rio Taquari que o Documenta produz, na verdade o primeiro “Ruivaldo: o Homem que salvou a terra” dirigido pelo Jorge Bodanski foi o que deu origem a própria Documenta Pantanal, então nosso apreço e olhar para esse rio é bastante evidenciado na nossa trajetória. Cada filme tem uma abordagem diferente, este de agora foi feito para a Internet com uma abordagem mais técnica, ainda sim a gente resolveu, lançar a mão da poesia do Manoel de Barros, que diz tudo sobre o rio”, explica Mônica Guimarães coordenadora do Documenta Pantanal.
O documentário conta como o rio migrou para dentro do Caronal, deixando 150 km de leito seco de um lado e 650 mil ha de alagados do outro. Mostra como novos ambientes se formaram e permanecem em permanente mutação. Integra a ciência e o conhecimento pantaneiro, traduzindo em imagens o que aconteceu com o ambiente e as pessoas. “Tivemos muita sorte de conhecer o pesquisador Rômullo Lousada que em sua dissertação de mestrado descreveu todos os processos geomorfológicos e ecológicos que vêm acontecendo nos alagados da Taquari. São quase 30 anos de evolução do arrombado do Caronal, muita coisa já mudou”, pontua o diretor executivo do ITV, Renato Roscoe. “E a sensibilidade do Frico, sempre buscando os melhores ângulos e personagens, nos transporta pelas águas hora turvas, hora cristalinas. Nos leva da tragédia das areias à esperança de que podemos fazer mais pelo Taquari e pelo Pantanal”, complementa.
Por fim, o documentário mostra que o Taquari está se reencaixando e encontrando o seu novo caminho. Infelizmente de forma muito lenta, o que torna difícil que as atuais gerações vejam as terras alagadas de volta à produção. Por outro lado, os processos erosivos do planalto continuam ativos e devem ser estancados. “Foram quase dois anos de trabalho, entre os estudos e preparações, entrevistas, filmagens e edições, uma verdadeira imersão no problema. Todo esse aprendizado foi fundamental para orientar as estratégias do Instituto Taquari Vivo, que focou suas atividades na restauração ambiental e produtiva da bacia. Reduzir a erosão e, consequentemente, o assoreamento do rio e a pressão por novos arrombados está no cerne de nossa atuação”, esclarece Roscoe.
Para assistir o documentário na íntegra, é só acessar o Youtube do Documenta Pantanal no endereço WWW.youtube.com/documentapantanal e mais informações na redes sociais do Instituto, @taquarivivo.