A tradicional reunião-almoço promovida pela Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), nesta terça-feira (23), foi palco de discussões sobre a reação da bancada do agronegócio à escalada de violência no campo. O encontro serviu para traçar a estratégia de ações contra as dezenas de invasões promovidas pelo MST no chamado “abril vermelho”. Dentro da articulação legislativa, os parlamentares reforçaram a pressão em torno do Pacote Anti-Invasão, conjunto de projetos de lei para punir com mais rigor os invasores de terras, tornar obrigatória aos movimentos sociais a utilização de CNPJ e acelerar a reintegração de posse para os legítimos proprietários, entre outras propostas.
O presidente da Frente Parlamentar Mista Invasão Zero (FPMIZ), deputado Luciano Zucco (PL-RS), aproveitou o encontro para detalhar o plano de trabalho do colegiado. Foram nomeados coordenadores regionais em todos os estados como forma descentralizar e fortalecer a mobilização em torno do tema. “Teremos deputados federais, deputados estaduais e senadores atuando nas Assembleias Legislativas. Vamos promover audiências públicas, seminários, visitas aos órgãos de segurança e denunciar todos aqueles que insistem em desrespeitar a lei e a Constituição. Não daremos trégua aos criminosos”, prometeu o deputado.
Aos governadores será encaminhado um documento para que eles se comprometam pela segurança jurídica e paz no campo. “Invasão de propriedade é crime e ponto final. A tolerância para os invasores deve ser zero. Queremos que esta carta-compromisso represente o respeito aos homens e mulheres que fazem deste país uma potência agrícola mundial. Quem financia estes movimentos terroristas está atentando contra nossa soberania alimentar”, disparou Zucco.
Já na quarta-feira (24), às 11h, no Plenário Ulysses Guimarães, está prevista a realização de uma Sessão Solene em homenagem ao Dia Mundial da Agricultura. O evento contará com a presença de produtores rurais e das principais lideranças do setor produtivo nacional.
O agro em números
Somente nos últimos 33 anos, a produção de grãos no Brasil cresceu 429%, enquanto a área plantada aumentou 108%. Nestas últimas três décadas, o agronegócio tem sido a âncora da economia brasileira, cuja participação no Produto Interno Bruto (PIB) é de 24,8%. Juntas, a produção agrícola, a agroindústria, o transporte, a distribuição e a comercialização de produtos empregam cerca de 20 milhões de trabalhadores, algo em torno de 20% do mercado de trabalho do Brasil.
Nossa balança comercial só é positiva graças à comercialização dos nossos produtos agropecuários, que ocupam as prateleiras dos supermercados ao redor do mundo. Para quem não sabe, o Brasil é o maior exportador global de commodities agrícolas, como soja, milho, café, carne bovina, aves, açúcar, papel e celulose. Em 2023, nosso superávit comercial foi de US$ 99 bilhões. No entanto, o superávit do agronegócio foi bem maior, algo em torno de US$ 150 bilhões, porque os demais setores (indústria e serviços) foram deficitários em US$ 51 bilhões.
Esse verdadeiro milagre diário é realizado em apenas 9% do território nacional, ou nos 72 milhões de hectares de áreas cultivadas. Hoje, o Brasil sozinho alimenta cerca de um bilhão de seres humanos. Esse protagonismo mundial levou a Organização das Nações Unidas (ONU) a admitir que teremos que ampliar em mais de 40% a oferta de alimentos para atender ao crescimento da população mundial, que deve passar dos atuais 7 bilhões para mais de 9 bilhões de habitantes em 2050.