Família de produtores rurais une forças e promove inclusão no campo

Irmãos com deficiência auditiva driblam dificuldades de comunicação em propriedade do interior do RS

Família de produtores rurais

Neste sábado (03), é celebrado o Dia Internacional das Pessoas com Deficiência, data criada pela ONU em 1992 e que neste ano terá o tema "Liderança e participação das pessoas com deficiência por um mundo pós-Covid-19 inclusivo, acessível e sustentável". 

No Brasil, segundo o último estudo divulgado pela pesquisa “Pessoas com deficiência e desigualdades”, em 2019, 8,4% da população tinha algum tipo de deficiência, o que corresponde a 17,2 milhões de pessoas. Esse índice foi maior nos domicílios em áreas rurais (23,5%) do que naqueles situados em áreas urbanas (19,2%).

Já nas empresas, entre os trabalhadores ocupados, a fatia dos que estavam com empregos formais entre aqueles com deficiência era de 34,3%. Correspondendo, 40% com deficiência auditiva e 27,3% com mais de uma deficiência.

Inclusão em família

Mesmo com essa alta porcentagem de PCDs no meio rural, a inclusão dessas pessoas ainda está longe do ideal, mas a família Drum, que atua há mais de 50 anos na propriedade, em Sítio Baixo, interior de Arroio do Tigre, no Rio Grande do Sul, mostra que é possível unir forças e fazer com que todos tenham oportunidades de trabalhar dignamente.  

Ambos com deficiência auditiva, os irmãos Alexandre (56) e João Drum (49), trabalham juntos na produção de tabaco, milho, batata, leite e outros alimentos para consumo próprio. Ao longo dos anos tiveram que se adaptar às dificuldades de comunicação na comunidade em que vivem. 

A família de Alexandre descobriu a deficiência aos 07 anos, o que dificultou o acesso à educação, fazendo com que ele finalizasse apenas o ensino primário. Apesar das dificuldades, foi no campo que eles encontraram uma oportunidade de trabalhar e prosperar, seguindo os passos da família. 

“Acredito que o principal ponto para que os meninos pudessem atuar com independência no dia a dia foi o apoio e incentivo de toda a nossa família. Percebemos que isso é um dos maiores obstáculos para que outras pessoas com deficiência também possam atuar no meio rural”, conta Maria Drum, mãe dos dois irmãos e hoje professora aposentada. 

Já o irmão mais novo, João, nasceu com deficiência auditiva e teve que aprender a fazer leitura labial desde cedo. Diferente de Alexandre, João, infelizmente, não teve a oportunidade de se alfabetizar, por isso conta com o auxílio da esposa, Angélica. 

Apoio na produção

A propriedade da família Drum conta com 7,2 hectares, tendo como cultivo principal o tabaco e contando com a parceira da Japan Tobbaco International (JTI) há aproximadamente oito anos. 

Atualmente, a média de produção por safra é de 400 arrobas, que conta com o apoio do técnico de Agronomia da JTI, Everton Billig. Ele auxilia os irmãos desde o início do trabalho com a empresa. Os irmãos participam de todo o processo de produção do tabaco e contratam mão de obra terceirizada para o período de colheita. 

“Os irmãos Drum estão sempre atentos às recomendações que passamos, o que eleva a qualidade da produção. O meu trabalho com eles tem sido muito proveitoso e percebo que eles se sentem valorizados, pois ao longo de todos esses anos conseguimos nos comunicar bem. E claro que a chegada da tecnologia ajudou bastante também”, acredita Everton. 

Para Alexandre e João, a maior dificuldade enfrentada é o fato de que eles precisam fazer a leitura labial para conversar, então tiveram que se habituar para frequentar comércios em que já conhecem os vendedores que os entendem.  

“É interessante perceber que, mesmo com essa barreira de comunicação, a família toda se ajuda e o amor vence a barreira da comunicação, pois a família fortaleceu uma rede de apoio que faz toda a diferença. Estou sempre junto e conto com o apoio de todos para desenvolver esse trabalho com sucesso. Sempre que eles têm dúvidas, entram em contato via Whatsapp ou me chamam para uma visita”, afirma Everton. 

Intérprete de libras

A Japan Tobbaco International entende a necessidade de promover mais inclusão na empresa e na sociedade como um todo e por isso conta com intérpretes de libras para palestras, workshops e demais eventos, sejam eles presenciais ou virtuais.

Em todo o país, a empresa emprega mais de 60 colaboradores com deficiência física, visual, auditiva e múltipla, nas mais diversas áreas. 

“Fazemos a nossa parte, que é ir muito além da cota e oportunizar de forma equitativa nossas ações às nossas pessoas, considerando a comunicação em libras nas atividades de desenvolvimento, sejam treinamentos, palestras, workshops”, afirma Luciana Anduja, especialista de Pessoas & Cultura. 


 



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